domingo, 28 de novembro de 2010
"VAMOS FAZER O QUE AINDA NÃO FOI FEITO"
Sei que me vês
Sou um dos muitos que tu ignoras
Mais um que tu sabes que exploras
Pobre de mim…
A minha revolta não se esconde
Vou procurar-te ainda não sei onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Inverno, Primavera, Outono, Verão
Quero livrar-me de ti
E com razão
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
E eu
Sou mais um dos que com raiva rebento
Estragas meu mundo e só provocas lamento
Pois temos tanto a reclamar
Sai do Governo
Já foste longe a vida toda
És um estorvo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais
Eu sei que dói
Sei como foi, aguentares tão só por esta rua
Os nomes que te chamam
E tu na tua
Esse teu rosto insolente é o teu jeito
Nunca fizeste o que ainda não foi feito
Sabes quem sou
Aqui estou
Zé Povinho que não alinha
As portas vão fechar-se
E eu na minha
A tua imagem é já uma mancha sem jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
REFRÃO
Faz-te à estrada
Deixaste-me uma mão cheia de nada
Somos um todo muito mais que imperfeito
Eu estou inteiro e tu desfeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
REFRÃO 26/Nov/2010
domingo, 8 de agosto de 2010
NUDEZ
gritando o meu amor aos quatro ventos
papagaio solto em cores, pelo ar,
ocultando seus gritos e lamentos
Tive por companhia a minha mágoa
a noite escura foi minha guarida
tantas vezes meus olhos rasos de água
aninharam a minha dor esquecida
Cantei a emoção em tom de verso
deixei meu pensamento assim disperso
voando porta a porta, rua a rua
Mostrei meu coração a toda a gente
e solucei ao ver quão indiferente
é ao mundo eu ter ficado nua.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
FOGO
Oh, fogo de cada ano
quanto mais verdes conquistas
maior é o nosso dano
Lambes florestas inteiras
em vento endemoninhado
causas tristeza, canseiras,
a tanto povo ignorado
E tudo cobres de negro
sem remorsos nem pudor
destróis sem qualquer apego
lares que foram de amor
E até vidas humanas
tu levas em rodopio
nas cavalgadas insanas
de ventos em desafio
Fogo cruel, assassino,
ávido de destruição
arrasas num desatino
tanta vida e ganha pão
Mas mais terrível ainda
é o ser humano estar
em calamidade infinda
na malvadez a vingar
quinta-feira, 22 de julho de 2010
TRISTEZA
o meu ardor de tão silenciado
deixou fugir assim o meu poema
num cântico de amor assaz magoado
Há um jardim de flores já ressequidas
onde perpassa uma bruma hesitante
murmúrios de palavras esquecidas
pertença do meu coração errante
O que farei de mim sem a poesia
despida de ilusão, de fantasia,
o meu sonho perdido, esventrado?
Serei alguém envelhecida e triste
alguém que se não ama e assim desiste
na ausência dum poema lado a lado
DESPEDIDA
Choram por ti todas as palavras
deste meu poema triste.
Partiste.
E só podia ser
como um grande português,
destinado para ti
o dia e o mês.
Partiste,
mas ainda a poesia lavras
na terra fecunda
onde a cultura, o amor e os sonhos
semeaste.
Não morreste, POETA,
apenas nos deixaste.
Tua figura insigne
como esquecê-la?
Diz-nos,
onde poderemos procurar-te,
em que estrela, em que estrela?
10 Junho 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
SOC(R)ÂNTICO NEGRO
empurrando-me os braços, e seguros
de que seria bom que eu os ouvisse
quando me dizem:"salta daí"
eu olhos-os apenas segundos escassos
(há nos olhos meus ironias e fracassos)
e faço o manguito com os meus braços
e nunca salto daqui..
A minha glória é esta:
criar ambiguidades
não ligar a ninguém
- que eu vivo com o mesmo à vontade
com que comprei um belo apartamento à minha mãe -
Não, não salto daqui. Só vou por onde
me levam as minhas próprias ambições.
Se ao que busco saber a Oposição não me responde
porque me repetis: "salta daí"?
Prefiro fazer escorregar défices
redemoinhar eventos
como farrapos arrastar portugueses ao desalento
a sair daqui...
Se vim ao mundo foi
só para desflorar governos virgens
e desenhar meus próprios pés nesta democracia desgraçada
o mais que faço não vale nada.
Como pois, sereis vós
que com esta crise me dareis impulsos
ferramentas, tereis a coragem
para me derrubar?
Corre nas minhas veias sangue velho dos socialistas
e vós odiais as minhas listas.
Eu amo o Longe e não vejo nenhuma viragem.
Amo o poder, as correntes,os meus adeptos.
Ide! Já tendes auto estradas,
tendes pontes, aeroportos, TGV's
tendes computadores Magalhães outra vez
e tendes regras, e tratados, filósofos e sábios...
Eu tenho a minha arrogância
levanto-a, como um facho, a arder em constância
e sinto espuma e sangue e insolência nos lábios.
O Socialismo e o Diabo é que me guiam, mais ninguém
Todos tiveram oportunidade de me derrubar também.
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
renasci do vosso voto, ao fim e ao cabo.
Ah!, que ninguém me dê venenosas intenções
ninguém me peça explicações
(as sondagens dão-me a maioria
e "manso, pá, é a vossa tia")
Ninguém me diga:"salta daí"!
A minha vida é um Outlet que se soltou
é uma onda de protestos que se abafou
é um átomo a mais que ao meu poder se juntou.
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou
Sei que não salto daqui!
(que José Régio me perdoe)
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Eu soneto me confesso
bem cedo pela manhã
ainda tonta de quebranto
já sou poeta louçã
Com a lira lavo os dentes
ponho rima no cabelo
os versos brotam contentes
da torneira, é só colhê-los
O pão com mel é barrado
em mistura de poesia
café com leite pingado
tem sabor a fantasia
Há quadras nos meus sapatos
e quintilhas nos vestidos
ando pra cá e pra lá
de pensamentos perdidos
Em vez de pegar nas chaves
quando vou sair de casa
num doce bailar de aves
levo flores em cada asa
Entro então no autocarro
e puxo da minha lira
na multidão não reparo
estou só num mundo que gira
Quando entra o revisor
olho pra ele é CAMÕES
e se mostro o meu bilhete
já estou em divagações
Em métrica me mantenho
todo o dia a versejar
meu corpo não tem tamanho
é um poema a andar
E o dia passa a correr
em marcha parnasiana
já nada pode conter
a minha aventura insana
Por musas sou escoltada
num deambular de emoções
minha sina está traçada
a mente em contradições
Conto sílabas, divago,
em rima me aconteço
no peito um poema trago
o meu tempo não tem preço
E esta doce simbiose
é tudo o que à vida peço
que venha a osteoporose
eu poeta me confesso
quinta-feira, 18 de março de 2010
COMO VAI ESTE PAÍS
Como vai Sr Feliz
Diga à gente, diga à gente
Como vai este País
Este País está doente
E parece não ter cura
Nunca mais anda prá frente
Faz uma triste figura
Entrámos num novo ano
Que não promete ser bom
E o combate mano a mano
Só faz é subir de tom
cada vez mais desemprego
E o Povo a passar mal
País em desassossego
E o que se faz, afinal?
Qual foi a primeira lei
Plo Governo discutida?
Foi o casamento gay
(muito importante na vida )
Abre-se os olhos de espanto
Com todo este processo
É total o desencanto
Incrível todo este excesso
Anda tudo alucinado
Com a falta de justiça
Mas vai-se cantando o fado
E gritando: Chiça, Chiça!
Um País cheio de sol
Com tanta gente capaz
Mas que faz parte dum rol
Que refila e nada faz
E há sempre aquele optimista
A vender sonhos em vão
Pensando que assim conquista
Um Povo em grande tensão
Eu faço à minha maneira
A minha revolução
Critico e atiro certeira
A quem me faz “comichão”
Criticarei, criticarei,
Até que a voz me doa
O meu fel destilarei
Corrupção não se perdoa
Oh, gente da minha terra!
Oh gente do meu País
Não é preciso uma guerra
Pra sermos povo feliz
Mas pra isso há que lutar
E tem que se erguer a voz
Pois se isto continuar
O que irá ser de nós?
O FASCÍNIO DO EFÉMERO
Gasta-se em desabafos a verdade
em cúmplices engodos se deslaça
a vida entre a loucura e a sanidade
sempre no tempo a passar é qu'embaraça
Conservar as memórias? Vã cruzada!
Beleza reter? Ambição perdida.
O interesse em seguir a nossa estrada
existe, porque a morte é o fim da vida
Vejo o tempo a correr, monotonia...
na ausência de ilusão, de fantasia,
na aridez de instantes em declínio
O estável, duradouro, para quê?
Só nos surpreende o que não se prevê
e só no que é fugaz dura o fascínio.
O P.D.I. com hu(A)mor
que quando se envelhece
há três coisas que convém
manter e, nunca se esquece:
os óculos para enxergar
dentadura pra comer
e, para o céu alcançar,
uma Bíblia pra se ler
Digam lá que a velhice
também não tem seus encantos?
Todos querem lá chegar
mesmo que com alguns prantos
Não sei de quem foi a ideia
de pôr rótulo à idade
primeira, segunda, terceira,
até parece maldade
É certo que vai doendo
aqui, ali, acolá,
mas, mesmo com ais gemendo,
se pode ficar por cá
Já não tem a mesma graça
já não é tão divertido
há sempre um mal que embaraça
o tempo é menos comprido
A comida faz azia
dorme-se menos e mal
o prazer faz alergia
sorrir de quê, afinal?
Para se atar o sapato
a perna tem que torcer
a barriga sai do fato
já nada há a fazer
No entanto, a vida é bela,
mesmo que de entorses cheia
cada um governe a sua
e não perturbe a alheia
E assim cantando e rindo,
levados, levados, sim...
vamos todos resistindo
eu cá, só falo por mim...
GAZETILHA PESSOANA
O português é um cuspidor
cospe tão assiduamente
que chega a fingir que é cuspo
o cuspo que deveras sente
É um tique nacional
mais do sexo masculino
por tudo e nada se cospe
no Portugal pequenino.
Dá-se três passos, já está,
lá vem a tal cuspidela
cospe-se à frente e atrás
e até pela janela.
Já dei por mim a pensar
não será de Otorrino
que precisa o português
pra curar tal desatino.
Que se fala muito, fala,
e falar seca a garganta
será por isso que cospem
tanto nesta terra santa?
Se a energia solar
em cuspo se transformasse
Portugal cuspido ao sol
era país de realce.
Como tal não é possível
só nos resta desejar
que o português se coíba
de tanto cuspir pró ar.
Pois o acto de cuspir
mais não é que a triste cena
de um português que, afinal,
nem tem a alma pequena.
AMIZADE dedicado a todos os meus amigos
riqueza inigualável, sem ter preço
é mesmo estando longe estar presente
aliança sem fim e sem começo
uma alma em dois corpos, curioso,
ver as grandes diferenças superadas
é estar unido em desgraça, em gozo,
e conservar as mãos entrelaçadas
Não há nenhum sentimento mais puro
nem existe um abrigo mais seguro
do que ter um amigo de verdade
Solidão, mágoas, risos, as loucuras
amálgama transformada em ternuras
fazendo face a qualquer tempestade
DIA DE ANIVERSÁRIO dedicado aos SEMPRE JOVENS
FOI UM MURMÚRIO DE CANÇÃO
FOI SURPRESA
SOBRESSALTO
FOI FRÉMITO
RISO, EMOÇÃO
FOI O POEMA DA VIDA
ESCRITO EM TEMPO COMOVIDO
FOI UM SIMPLES RENASCER
DESLUMBRADO
APETECIDO
FOI LEVE SOPRO DE BRISA
AFAGO EM FIOS DE PRATA
DANÇA DE DIAS
MEMÓRIA
QUE O AMOR
FINDA E REATA
FOI UM LEVE BATER DE ASAS
QUE NO ESPAÇO REBOOU
UM PRESENTE
JÁ PASSADO
QUE AO FUTURO SE ANINHOU
ALEIXO - aqui e agora
grande poeta português
e aqui no BLOG eu deixo
o que ele disse uma vez:
SEI QUE PAREÇO UM LADRÃO
MAS HÁ MUITOS QUE EU CONHEÇO
QUE NÃO PARECENDO O QUE SÃO
SÃO AQUILO QUE EU PAREÇO
Quadra com actualidade
ladrões são cada vez mais
alguns têm qualidade
mas nem todos são iguais
Ainda há quem tape a cara
quando resolve roubar
mas noutros nem se repara
com a cara por tapar
É vê-los na Televisão
com ar de santos meninos
Esta é a nossa Nação:
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
E a Justiça nada faz
já ninguém crê na Justiça
e o português nem capaz
é de berrar: chiça, chiça!
Carneiros em demasia
lá seguimos o pastor
que em grande demagogia
se mantém bom orador
Lá vamos rindo e cantando
levados, levados, sim
pela voz do som pensando:
será que isto tem um fim?
Perdoem hoje acordei
com a maldade na língua
mas talvez porque bem sei
que há gente que vive à míngua
Se o Pai Natal conseguisse
uns pacotes de decência
talvez os distribuísse
com muito mais consciência
E os deixasse tombar
sobre algumas chaminés
percorrendo sem parar
Portugal de lés a lés
EM LOUVOR DO LUME
Agora que o frio começa a apertar é sempre gostoso recordar este poema:
Na lareira as labaredas
de tão contentes que estão
vão lançando chispazinhas
trauteando uma canção
Brincam a saltar, ligeiras,
crepitando de alegria
fazem desenhos na pedra
da lareira, em fantasia
Em curtos trejeitos tentam
cada vez subir mais alto
e há coros de gargalhadas
a soar em cada salto
Gosto de vê-las tão rubras
em brincadeiras de lume
enquanto as achas exalam
doce e lenhoso perfume
Quando depois já cansadas
se aquietam de mansinho
num ninho morno de cinzas
dormem como um passarinho
E também eu vou dormir
levando as brasas comigo
no fundo do meu olhar
onde guardá-las consigo
POEMIXTO - ANEDOTA
ERA UMA VEZ UM CASAL
QUE SE DAVA MUITO MAL
E DECIDIU AFINAL
DE FORMA BILATERAL
RESOLVER EM TRIBUNAL
SEPARAÇÃO IDEAL
CONTANDO TAL E QUAL
DUMA FORMA ORIGINAL
O DESASTRE TOTAL
DA LIGAÇÃO CONJUGAL
ERA UM PAR MUITO ENGRAÇADO
ELE PEQUENO, MAGRO, ENFESADO,
METRO E MEIO MAL AMANHADO
ELA UMA MULHER ENORME
GORDA, FEIONA, DISFORME
COM QUEM ELE NUNCA DORME
SEM QUE COM TAL SE CONFORME
ENTRA NA SALA O JUIZ
HOMEM DE GRANDE NARIZ
QUE CARREGA DE PETIZ
VEM DE TOGA PRETA E DIZ:
COMEÇOU A AUDIÊNCIA
TEM O CASAL CONSCIÊNCIA
ESTÃO OS DOIS EM ANUÊNCIA
MEDITARAM COM PRUDÊNCIA
DO DIVÓRCIO A CONSEQUÊNCIA?
NÃO QUEREM RECONSIDERAR
AINDA PODEM EVITAR
O DIVÓRCIO CONSUMAR
LEVANTA-SE O HOMEM E DIZ:
NÃO, SENHOR DOUTOR JUIZ,
O DESTINO ASSIM O QUIS.
TENTÁMOS DE TODA A MANEIRA
NA CAMA, NO CHÃO, À LAREIRA
FOI SEMPRE UMA DESGRACEIRA
ACABAVA EM BEBEDEIRA
E DEPOIS EM CHORADEIRA.
O AMOR SEMPRE FALHOU
NUNCA O SEXO RESULTOU
ASSIM ELE SE QUEIXOU
E DEPOIS CONTINUOU:
SE TENTAMOS DAR UM BEIJO
BATEM OS MEUS PÉS NO QUEIJO
LÁ SE VAI O MEU DESEJO.
SE OS NOSSOS PÉS ESTÃO JUNTINHOS
TENHO A CARA NOS FUNDINHOS
NINGUÉM OUVE OS MEUS GRITINHOS
FICO A OLHAR DE REVÉS
VEJO TUDO PRETO E DE VIÉS
E SÓ ME APETECE FUGIR A SETE PÉS.
SE O NOSSO SEXO FICA ALINHADO
SINTO-ME TÃO SÓ, TÃO DESAMPARADO
ALI PERDIDO, MUDO, SUFOCADO...
DISSE O HOMEM DESESPERADO
CONSIDEROU O JUIZ PERTINENTE
O ARGUMENTO DAQUELE HOMEM DESCONTENTE
A EVIDÊNCIA ESTAVA À SUA FRENTE.
TOMOU ENTÃO ATITUDE DECENTE
E CONCEDEU AO CASAL
O DIVÓRCIO QUE, AFINAL,
TEVE PARANGONAS NO JORNAL
E LHES VALEU CONTRACTO ESPECIAL
PARA ACTUAÇÃO NO CIRCO CRISTAL
O ADEUS
O MAR RUGIU MAIS FORTE, SOLUÇOU,
O CÉU ESCURECEU, FICOU DIFERENTE
E NO MEU PEITO O CORAÇÃO PAROU
SOZINHA NA PRAIA, AFOGADA EM ESPUMA,
NÁUFRAGA DE AMOR QUEDEI ALHEADA
RECORDEI TEU ROSTO PERDIDO NA BRUMA
ESCREVI TEU NOME NA AREIA MOLHADA
AMBOS TE ESPERAMOS AGORA, O MAR E EU,
NUMA ÂNSIA QUE O TEMPO NÃO VENCEU
EM SOLIDÃO PEJADA DE DESEJOS
O MAR SEMPRE EM ONDAS MURMURANDO
SONS DIFUSOS QUE TE VÃO LEMBRANDO
E EU ANSIOSA À ESPERA DOS TEUS BEIJOS
REFÚGIO
EM RASGOS DE REBELDIA
FUGIR E ENTÃO ESTREMECE
O MEU PEITO EM OUSADIA
FICO ALHEADA DE TUDO
NO MEU SILÊNCIO DE BÚZIO
E DESÇO FUNDO, BEM FUNDO,
PRA ENCONTRAR MEU REFÚGIO
É UMA ROCHA CAVADA
DECORADA COM CRISTAIS
ENTRO NELA DESLUMBRADA
NÃO QUERO SAIR JAMAIS
AÍ ME PERCO E ME ENCONTRO
ME CRITICO E ME ENALTEÇO
E AS FORÇAS COM QUE ME AFRONTO
SÃO TAMBÉM ELAS MEU BERÇO
PERCORRO ESTE MEU PALÁCIO
VESTIDA DE RENDA E ESPUMA
PREPARO O MEU EPITÁFIO
FEITO DE COISA NENHUMA
NESTE MUNDO IGNOTO E BELO
APENAS EU TENHO ACESSO
SOU CASTELÃ NO CASTELO
QUE É TODO O MEU UNIVERSO
E HÁ FESTINS DE POESIA
NOITE ADENTRO, NUM LIRISMO
ENTRE O CHEIRO A MARESIA
E PEDAÇOS DE EROTISMO
MULHER - ARCO-IRIS DA VIDA
tem cor vermelha a paixão
de tom cinzento é a dor
esverdeada a ilusão
A Saudade é amarela
a Raiva é arroxeada
do tom doce da canela
é o Riso e a gargalhada
Cor de laranja o Desejo
o Medo castanho escuro
é sempre matiz o Beijo
de cor verde é o Futuro
Tem cor creme a Indiferença
cor de malva a Sensatez
tom de azeitona a Descrença
é negra a Desfaçatez
O Prazer é multicor
tem todas as cores do mundo
interligado ao Amor
tem um tom muito profundo
A Poesia é dourada
tem brilho de entontecer
com ela a Vida é cantada
em canções de bem querer
Neste arco-íris da vida
está a MULHER desenhada
as alegrias e as dores
fazem dela matizada
Quando ama é vermelha
se acaricia é tom rosa
existe nela centelha
que a torna valorosa
Veste de todas as cores
MÂE-POVO e MÂE-CORAGEM
se chora seus desamores
o sorriso é a imagem
Mas há tom que não a cobre
é o cinza desmaiado
mesmo sendo rica ou pobre
nunca aceita o desbotado
É fogosa, multicor
MULHER TUDO, MULHER NADA
luta pela paz e amor
num arco-íris abraçada
GAZETILHA
o tempo não ajuda, não,
férias de todos os perigos
e a pergunta:CADÊ O VERÃO?
Fogos, chuvas, ventania,
entristecem qualquer um
e o Governo em cada dia
que só faz PUM-CATRAPUM.
As taxas sobem demais
salários sobem de menos
e é a altura em que os pais
gastam tudo com os pequenos.
As aulas vão começar
e de novo é preciso
o cinto mais apertar
com amarelo sorriso.
Compre no EL CORTE INGLÊS
o material escolar
mas não pague duma vez
vá pagando devagar.
Espanhóis não têm pressa
pois, mais dia menos dia,
será cumprida a promessa
de Portugal ser fatia.
Fatia iberiana
que, aliás, até já é
e em música castelhana
iremos BERRAR: OOOOOOLLLÉ.
DESILUSÃO
todas as metáforas.
Preparei-te a refeição dos deuses.
Escrevi para ti as palavras mágicas
para a entrada no reino.
Não soubeste comer o fruto
nem saborear o néctar
o milagre não aconteceu.
POETA
Acrescentei-me.
Quis ir mais lonje,
mais além...
Coração lusitano
à descoberta.
Marinheiro em desafio,
incauto num mar bravio,
lutando pra ser Poeta.
ESPANTO
O meu corpo
já nada recorda
das insanidades da paixão.
As horas cruéis
à espera do teu beijo
suspensa do som dos teus passos.
O meu chão
já não te suspira
a minha boca
já não te canta...
Só esta tristeza
ainda me espanta.
POR TI
É por ti que a vaga se agiganta.
É por ti o vento a sibilar.
É por ti que o grito na garganta
se solta, se expande
e quer ressumar.
É por ti que a vida faz sentido
Sussurrante tentáculo apetecido.
SEGURA O MEU AMOR
Porque hoje é o Dia dos Namorados aí vai para todos os enamorados:
Segura o meu amor entre os teus dedos
tal como a flor retém os seus odores
como cioso o mar guarda os segredos
e os amantes escondem os amores
Segura o meu amor entre os teus beijos
como em Abril respira a primavera
como a noite se enreda de desejos
para escutar o canto da Severa
E aí, bem seguro entre os teus dedos,
o meu amor então, perdidos medos,
vai cantar-te ao ouvido, de mansinho,
E em mensagem doce, dia a dia,
renascerá a paz e a alegria
e a vida passará, devagarinho...
POESIA ERÓTICA
INVENTA
(SE QUISERES)
MEU CORPO AO TEU DESEJO.
ALONGA OS DEDOS
PARA ME TOCARES
MAIS LONGE,
MAIS FUNDO.
DESENHA AS DUNAS
QUE O CAMINHO DA MINHA NUDEZ
TE SUGERIR.
PENETRA NAS CAVERNAS
ONDE UM QUALQUER MAR SALGADO
TE NAUFRAGUE.
E, SE O MEU CORPO SEREIA
TE CANTAR,
PRENDE-TE AO FULGOR DOS MEUS CORAIS
EM ORGASMOS
DE AZUL
E DE ESPUMA.
$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
quarta-feira, 17 de março de 2010
NOITE
VEM PERCORRER A NOITE
NO MEU CORPO
O LUAR SUCUMBIU
AO BRILHO DO MEU OLHAR
E CAÍU EM MIL PEDAÇOS
HÁ ESTRELAS PERDIDAS
POR ENTRE OS MEUS CABELOS
E A BRISA CORRE, EM CARÍCIAS,
PELAS DUNAS SUAVES DO MEU PEITO
O SILÊNCIO ANINHOU-SE
NA PLACIDEZ DOS MEUS LÁBIOS FECHADOS
PELA MINHA PELE PERPASSA
A FRESCURA DE MANHÃS DESEJADAS
NA PLANURA BRANCA DO MEU VENTRE
TEM A NOITE O SEU RETIRO DE AMOR
E OS MEUS BRAÇOS
ADORMECEM TODOS OS CANSAÇOS...
VEM PERCORRER A NOITE
NO MEU CORPO
VEM COLHER EM MIM
A MADRUGADA....
GAZETILHA
HÁ CERTOS HOMENS IDOSOS
QUE PENSAM QUE MULHER NOVA
FAZ A VIDA TER MAIS GOZOS
E OS ANOS ASSIM RENOVA.
MAS COITADO, O INSENSATO,
ACABA POR DESCOBRIR
QUE OS ANOS SÃO COMO O GATO
SEMPRE A PULAR E A FUGIR.
ASSIM EM CORRIDA INVERSA
ANDA O CASAL A VIVER
VIDA MUITO MAIS PERVERSA
E O P.D.I. A CRESCER.
É ENTÃO QUE O HOMEM VELHO
QUE CASA COM MULHER NOVA
SE RECORDA DO CONSELHO:
"SERÁS CORNO OU VAIS PRÁ COVA.
OU ENTÃO MUITO PIOR
PRÁ COVA VAIS MAIS O CORNO
TUA VIDA FINDARÁ
SÓ RESTARÁ O ADORNO"
PARA A FRENTE, PORTUGAL
TEMOS SETE MARAVILHAS
ESTAMOS MARAVILHADOS
MAS SEM DINHEIRO E SEM "PILHAS"
PRA VIVER E, DESESPERADOS.
MAS O POVO É MESMO ASSIM
ADORA AS EXIBIÇÕES
ALIENADO E EM FESTIM
VAI JOGANDO O EUROMILHÕES.
O JOSÉ APERTA O LAÇO
O JOSÉ APERTA-O BEM
QUE O LAÇO BEM APERTADO
TRÁS O POVO DOMINADO
ORDEIRO E SEM VINTÉM.
MAS AINDA HÁ PARA OS FOGUETES
NA PRESIDÊNCIA EUROPEIA
PRA CONTINUARMOS JOGUETES
DOS LOBOS NA ALCATEIA.
OH!TEMPO, VOLTA PARA TRÁS!
DÁ-NOS TUDO O QUE PERDEMOS
QUE ESTE GOVERNO NÃO FAZ
NADA E NÓS NADA TEMOS.
UM POVO CHEIO DE TUDO
COM A MÃO CHEIA DE NADA
REVOLTADO EM GRITO MUDO
E ENGROSSANDO A CARNEIRADA.
PORTUGAL DOS MEUS AMORES
POR TANTOS MARES NAVEGADO
NÃO DEIXES ESTES SENHORES
TRATAREM-TE COMO GADO.
LANÇA AS TUAS CARAVELAS
RASGA OS MARES DA DESVENTURA
ESCREVE AUDÁCIA EM TUAS VELAS
IÇANDO A HISTÓRIA FUTURA.
O TELEMÓVEL
A COISA MAIS IMPORTANTE
APÓS A IDA DO INFANTE
Á DESCOBERTA DO MUNDO.
FOI A MÁQUINA INFERNAL
QUE APARECEU EM PORTUGAL
REVOLUCIONANDO A FUNDO
O TELEMÓVEL, POIS É,
PARA A MARIA E PRO ZÉ
E TAMBÉM PARA A CRIANÇA.
TODA A GENTE USA E ABUSA
A TER VÁRIOS NÃO SE ESCUSA
NÃO É BOM PARA A POUPANÇA
ELE ESTÁ EM TODO O LADO
E O MAIS SOFISTICADO
ESTÁ SEMPRE A SAIR Á PRAÇA.
MAIS PEQUENO E ATRAENTE
PARA AGRADAR AO UTENTE
DO BOLSO SAIR MAIS MASSA
CADA TOQUE É UMA SURPRESA
NOS TRANSPORTES OU Á MESA
É QUEM MAIS PODE ESCUTAR.
E AS SENHORAS ÁS PRESSAS
PÕEM MALAS ÁS AVESSAS
PARA O "DITO" ENCONTRAR
MAS QUANDO ISSO ACONTECE
ENTÃO MAIS O CLIMA AQUECE
COM GRITARIA A PRECEITO.
TUDO FALA Á DESCARADA
A CONVERSA É DEVASSADA
TEM QUE SE OUVIR, NÃO TEM JEITO
HÁ TELEMÓVEIS TOCANDO
COM MÚSICA ARRANHANDO
QUALQUER ESPECTÁCULO OU CONCERTO.
E MESMO EM MISSA DE MORTO
NÃO SE EVITA O DESCONFORTO
NÃO SE ESCAPA A ESTE APERTO
DESDE A RASPA AO TIROLIRO
DE BEETHOVEN AO SUSPIRO
DAS BALADAS AO ORGASMO.
SÃO TOQUES DOS MAIS DIVERSOS
E POLUENTES CONFESSOS
DE RUÍDOS E DE PASMO
JÁ TIRAM FOTOGRAFIAS
SÃO ÓPTIMAS COMPANHIAS
NA SOLIDÃO DO MOMENTO.
FAZEM-SE JOGOS DIFERENTES
E CADA VEZ MAIS CLIENTES
ADEREM AO INSTRUMENTO
E NÃO HÁ COMO FUGIR
NOVO MODELO A SURGIR
MAIS NOVIDADES NO AR.
OS LADRÕES ASSALTAM LOJAS
SÃO INCENTIVO PRAS CORJAS
CUJO NEGÓCIO É ROUBAR
O MENINO É ASSALTADO
O TELEMÓVEL ROUBADO
ISSO NÃO INTERESSA NADA.
COMPRA-SE OUTRO DIFERENTE
FICA O MENINO CONTENTE
E A FAMÍLIA DESCANSADA
E O TELEMÓVEL É ISTO
UMA GRAÇA, UM PETISCO
NA MÃO DE QUALQUER PESSOA.
E É CLARO A MALANDRAGEM
TEM UMA MAIOR TIRAGEM
MASMO QUE DOA A QUEM DOA
É DESVARIO TOTAL
ESTA MÁQUINA INFERNAL
ABUSO Á PRIVACIDADE.
POIS ENCONTRAR TODA A GENTE
MESMO EM MOMENTO INDECENTE
É ABUSO, É MALDADE
SE NUM FUTURO CANALHA
NINGUÉM MEXER UMA PALHA
PARA TRAVAR ESTE ENGENHO.
JÁ AQUI NÃO ESTÁ QUEM FALOU
O MEU TELE JÁ TOCOU
VOU ATENDER, TAMBÉM TENHO.
POETA, DOMÉSTICA, MULHER
Não é fácil, podem crer
ser poeta e ser Mulher
numa mão está a caneta
na outra está a colher
Qunata poesia existe
no peito a fervilhar
enquanto se mexe o tacho
onde está carne a guizar
Perfuma-se o pensamento
em permanente conflito
com um perfume a flores
misturado a peixe frito
E se um bolo se fizer
com os pensamentos dispersos
é vulgar acontecer
prá massa caírem versos
É uma mistura assanhada
ovos e rima em disputa
a massa fica estragada
a poeta numa luta
Luta pela fantasia
que pretende ser constante
quer fazer do dia a dia
amálgama delirante
Sem querer abdicar de nada
poesia e tacho ao braço
a poeta desesperada
fica sempre em embaraço
Eis a moral desta história:
não é mulher, nem poeta
nem a cozinha tem glória
nem a rima é completa
Mas continua a lutar
com a caneta e o tacho
pró poema preservar
e do Amor fazer facho
BLOGO. LOGO, EXISTO!!!
Não fui que me inventei
brotei do nada
cresci.
O tempo foi escoando
e a vida saboreando
vivi.
Tive sonhos, ambições,
malogros e alguns sucessos
e há Pedaços meus dispersos
por aí...
Fui humana
fui mulher
fiz da vida o meu poema.
E, se por tudo o que amei,
algo de mim eu deixei,
já foi bom
valeu a pena.