quarta-feira, 17 de março de 2010

POETA, DOMÉSTICA, MULHER

Não é fácil, podem crer

ser poeta e ser Mulher

numa mão está a caneta

na outra está a colher

Qunata poesia existe

no peito a fervilhar

enquanto se mexe o tacho

onde está carne a guizar

Perfuma-se o pensamento

em permanente conflito

com um perfume a flores

misturado a peixe frito

E se um bolo se fizer

com os pensamentos dispersos

é vulgar acontecer

prá massa caírem versos

É uma mistura assanhada

ovos e rima em disputa

a massa fica estragada

a poeta numa luta

Luta pela fantasia

que pretende ser constante

quer fazer do dia a dia

amálgama delirante

Sem querer abdicar de nada

poesia e tacho ao braço

a poeta desesperada

fica sempre em embaraço

Eis a moral desta história:

não é mulher, nem poeta

nem a cozinha tem glória

nem a rima é completa

Mas continua a lutar

com a caneta e o tacho

pró poema preservar

e do Amor fazer facho

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