quarta-feira, 14 de abril de 2010

Eu soneto me confesso

Com sonetos me levanto
bem cedo pela manhã
ainda tonta de quebranto
já sou poeta louçã

Com a lira lavo os dentes
ponho rima no cabelo
os versos brotam contentes
da torneira, é só colhê-los

O pão com mel é barrado
em mistura de poesia
café com leite pingado
tem sabor a fantasia

Há quadras nos meus sapatos
e quintilhas nos vestidos
ando pra cá e pra lá
de pensamentos perdidos

Em vez de pegar nas chaves
quando vou sair de casa
num doce bailar de aves
levo flores em cada asa

Entro então no autocarro
e puxo da minha lira
na multidão não reparo
estou só num mundo que gira

Quando entra o revisor
olho pra ele é CAMÕES
e se mostro o meu bilhete
já estou em divagações

Em métrica me mantenho
todo o dia a versejar
meu corpo não tem tamanho
é um poema a andar

E o dia passa a correr
em marcha parnasiana
já nada pode conter
a minha aventura insana

Por musas sou escoltada
num deambular de emoções
minha sina está traçada
a mente em contradições

Conto sílabas, divago,
em rima me aconteço
no peito um poema trago
o meu tempo não tem preço

E esta doce simbiose
é tudo o que à vida peço
que venha a osteoporose
eu poeta me confesso

1 comentário:

A. João Soares disse...

Minha cara amiga,

E que dizer a isto? Se não salta daí, temos que a aturar!!! E se o vento do bom senso prático me derrubar direi que se não posso vencer os maus o melhor é juntar-me a eles. E, então, conte comigo no seu bando. Serei leal, conivente e cúmplice desde que me dê oportunidade de receber uns «robalos» em troca de uns favores. E garanto-lhe que, tal como as comadres, não me zangarei consigo e ninguém saberá as verdades.

Querida Amiga, perante este trabalho o José Régio está muito satisfeito e a receber aplausos dos que em seu redor se sentam no Éden celestial.

Beijos
João
Do Miradouro