sábado, 16 de abril de 2011

QUE SEJA...

Que seja valioso o sacrifício
dum povo no limiar do fracasso
que traga a crise algum benefício
e o futuro esteja no encalço

Que seja a crise acto de contrição
dum povo alheado e indiferente
mas não deixe enxovalhar a Nação
dê as mãos,cerre os dentes,siga em frente

Que seja a nossa luta uma victória
escrevendo e honrando a nossa história
num tempo de suor e de peleja

Que seja o trabalho uma bandeira
hasteada orgulhosa à nossa beira
para que um mundo incrédulo a veja

QUE SEJA...

domingo, 10 de abril de 2011

INDIGNAÇÃO-RAIVA

INDIGNAÇÃO - RAIVA


Dinheiro é o que mais ordena
Neste país sofredor
De tão triste que faz pena
Por ser grande devedor

Como chegámos a isto
Perguntamos todos nós
O país está mal visto
Enrodilhado e com nós

Sabemos quem nos levou
Por um caminho maldito
Quem a esperança nos sacou
Deixando o povão aflito

E ainda se pavoneia
Entre os seus pares, o senhor,
Sempre agarrado à ideia
De ser ele o salvador

Oh, figura de opereta
Malabarista malquisto
Com tanto, tanto pateta,
À roda para ser visto

Vendeu-nos a um bom preço
A uma Europa arrogante
Somos agora adereço
De senhores com ar impante

E atrevem-se a dizer
Que somos LIXO, é demais!
Quando o mundo foi crescer
A partir dos nossos cais

Só se querem reciclar
Este país tão antigo
Pra mais valia lhes dar
Beleza, paz, povo amigo

Teremos que ser carneiros
Num mundo de lobos feito?
Teremos que ser ordeiros
Só para lhes fazer jeito?

Não podemos aceitar
Que ofendam a Nação
Temos que nos REVOLTAR
Quer eles queiram, quer não

Pois eles sabem quem fomos
Povo guerreiro e audaz
Vamos mostrar-lhes quem somos
E do que o povo é capaz

Todos juntos, de mão dada,
Portugal vamos salvar
Se for preciso “à marrada”
Contra figurões marchar, marchar

domingo, 28 de novembro de 2010

"VAMOS FAZER O QUE AINDA NÃO FOI FEITO"

MONOLOGO DO ZÉ POVINHO COM SÓCRATES - música de Pedro Abrunhosa


Sei que me vês
Sou um dos muitos que tu ignoras
Mais um que tu sabes que exploras
Pobre de mim…
A minha revolta não se esconde
Vou procurar-te ainda não sei onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Inverno, Primavera, Outono, Verão
Quero livrar-me de ti
E com razão
Vamos fazer o que ainda não foi feito.

E eu
Sou mais um dos que com raiva rebento
Estragas meu mundo e só provocas lamento
Pois temos tanto a reclamar
Sai do Governo
Já foste longe a vida toda
És um estorvo que demora
Porque amanhã é sempre tarde demais

Eu sei que dói
Sei como foi, aguentares tão só por esta rua
Os nomes que te chamam
E tu na tua
Esse teu rosto insolente é o teu jeito
Nunca fizeste o que ainda não foi feito
Sabes quem sou
Aqui estou
Zé Povinho que não alinha
As portas vão fechar-se
E eu na minha
A tua imagem é já uma mancha sem jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito
REFRÃO

Faz-te à estrada
Deixaste-me uma mão cheia de nada
Somos um todo muito mais que imperfeito
Eu estou inteiro e tu desfeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito

REFRÃO 26/Nov/2010

domingo, 8 de agosto de 2010

NUDEZ

Pousei em estrelas, vesti-me de luar
gritando o meu amor aos quatro ventos
papagaio solto em cores, pelo ar,
ocultando seus gritos e lamentos

Tive por companhia a minha mágoa
a noite escura foi minha guarida
tantas vezes meus olhos rasos de água
aninharam a minha dor esquecida

Cantei a emoção em tom de verso
deixei meu pensamento assim disperso
voando porta a porta, rua a rua

Mostrei meu coração a toda a gente
e solucei ao ver quão indiferente
é ao mundo eu ter ficado nua.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

FOGO

Oh, labaredas sinistras
Oh, fogo de cada ano
quanto mais verdes conquistas
maior é o nosso dano

Lambes florestas inteiras
em vento endemoninhado
causas tristeza, canseiras,
a tanto povo ignorado

E tudo cobres de negro
sem remorsos nem pudor
destróis sem qualquer apego
lares que foram de amor

E até vidas humanas
tu levas em rodopio
nas cavalgadas insanas
de ventos em desafio

Fogo cruel, assassino,
ávido de destruição
arrasas num desatino
tanta vida e ganha pão

Mas mais terrível ainda
é o ser humano estar
em calamidade infinda
na malvadez a vingar

quinta-feira, 22 de julho de 2010

TRISTEZA

Já nada sei dizer que valha a pena
o meu ardor de tão silenciado
deixou fugir assim o meu poema
num cântico de amor assaz magoado

Há um jardim de flores já ressequidas
onde perpassa uma bruma hesitante
murmúrios de palavras esquecidas
pertença do meu coração errante

O que farei de mim sem a poesia
despida de ilusão, de fantasia,
o meu sonho perdido, esventrado?

Serei alguém envelhecida e triste
alguém que se não ama e assim desiste
na ausência dum poema lado a lado